[livremente inspirado na Lenda do Vaqueiro]
por Matias Peñaranda
Milagre, milagre, bicho,
diz a lenda do vaqueiro que promessa pra Santana fez.
Era um touro tenebroso
e era Tupã.
No sertão
onde hoje descansa, ao norte, Seridó
uma tribo metida a valente
entrou na mata
e deu de cara com a fera.
Não sobrou nada
da tribo.
Mofumba, mufumbal, mufumbá, mata fechada,
Santana, Tupã, Maria, boi.
Era 1600 e qualquer coisa
e era um vaqueiro agora à procura de gado...
de novo a peleja anunciada
com o touro
Tupã disfarçado.
Daí o vaqueiro apelou mil preces à vó de Maria
pra que ela o salvasse daquele atropelo:
valei-me Santana
livrai-me Nossa Senhora,
prometendo erguer uma capela
se a fera desaparecesse
e desapareceu.
Milagre, milagre, bicho,
diz a lenda do vaqueiro que promessa pra Santana fez.
Era ele desmatando o campo
e a partir dali os deuses da natureza dariam trégua.
O homem sozinho então
iniciou a construção da capela
dando origem assim à cidade, tal e qual...
“lendas existem pra acalmar outras lendas”,
Porosa, calanga velha, viu a cena
e não achou nada demais a intervenção da santa.
Mofumba, mufumbal, mufumbá, mata fechada,
Santana, Tupã, Maria, boi.
Era tempo de seca muito forte no sertão
e, durante a obra da igreja, o vaqueiro até um poço encontrou.
Não satisfeito, ele recorreu novamente à vó de Maria,
Porosa escutou tudinho:
valei-me Santana
protegei-me Nossa Senhora,
pedindo a ela que nunca deixasse
o poço secar
como de fato, até hoje,
nunca secou
no Caicó.
Acauã, Cuó, Câmara Cascudo nos contou de mod’escrito,
cumpádi Valfredo pôs no vento da boca,
o povo repetiu.
Porosa, calanga velha,
não sabe falar.
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