top of page

Fuga Refrata / palapacs

oblit, a pedra no cio [PONTA 03/2023]

este é só um trecho representativo da obra, mas lembremos que todo iceberg é ponta

DOS ÂNIMOS, PLANTAÇÕES

E CARAMINHOLAS

Abra-se

Feito cavalo xucro 

Que finge permitir aprendizado 

Pois então beba

E aproveite

Tudo o que a linguagem houver

De oferecer

Viva a arte da cultura 

Sinfonia de elegia pura 

Qual bicho domado 

Prestes a não 

Prestar nunca mais

Sacrifique-se

Apenas o que for de sacrificar

E assim

Pirala e espirala 

O fio de nosso século luz

Incompreendido 

Como feno

Ao animal

Para pensamento, lincho

Para palavra, relincho 

De um lado

Ela,

louca desvairada língua 

trans e paranormal

Significante

Significado 

Compreensão todavia emulativa 

De outro lado 

Ele,

amiúde desvanecido tempo

mal depositado 

num baú de couro escuro 

e faminto 

Mandioca nua

Moça Macaxeira 

Mandioca crua

Moço Aipim

Quem botou farinha

No tacho

Viu milagre acontecer 

Quem porventura esqueceu 

De olhar a panela 

Experimentou o prazer 

Da maniçoba 

Pois bem

Perdido, o cavalo xucro 

Funde a cuca

E confunde -- poesia dícula

Fabula 

E confabula 

Meio alternativo pra vencer

Esse cárcere privado 

Onde se meteu 

A ideia coletiva 

De vida

Devida

A qualquer um -- poesia ridícula

Contrapeso da colheita 

Voz rouca e tenebrosa do

Vice-Versa Sete Gê

Garantindo 

Que nenhum

Achado perdurará 

Ao passo que todo sentimento 

Desprezado

Quando perdido

Não-logo será encontrado 

Com outra face

Dessa vez

Até lá, milissegundos 

distante do tal baú 

de couro 

escuro 

e faminto...

Permita-se trotar

No seio do desconhecido 

Voltando apenas 

Caso a sina

Da poesia

Trouxer feitiço novamente 

Enquanto isso,

cabe o cultivo 

da mandioca enfim 

domesticada 

Raiz forte 

Raiz eletrofraca

Gravidade

E a saudade da gravidez 

Mas agora não tem mais jeito, 

cabra

Seu filho nasceu com saúde 

É hora de desarrochar

Esse vício pela lógica 

De pedra

Não vê?

Cabra macho 

Ainda é cabra

Bode velho

Se acha muito jovem por demais

Portanto, 

já que é pra ser

torto mesmo o caminho...

Permita-se ruminar

No seio do desconhecido 

Voltando apenas 

Caso a sina

Da poesia

Trouxer feitiço novamente 

Porque ela

Sempre costuma trazer

Lembre-se 

Trague até o fim

Tragédia pior

Seria nem haver o que tragar 

E depois,

Satisfeito, 

Curta seu rebento hoje

Filhote de pensamento

Cimo, cimalha e cimento 

Deus Dadinho nunca erra

Dado que nunca

Quis acertar sobre nada

Eis a cidade dada

Erguida no entremim

Chiado 

De memória 

E saliva

Lamba-se

Lave-se

Lambuze-se

Ferro a ferro 

A ferradura 

Crina a crina

Passa poderosa creolina 

No arco do violino 

Serve pra menina

E serve pro menino

Viva a arte da loucura

Sinfonia de heresia pura

Abra-se

Saiba-se

Saboreie-se

Lingue-se a cultura 

voltar para índice
oblit
bottom of page