MANCHETE: Outros ecos.
 
LIDE: livro-diário e desenhos de Mayzon Tayrone
120 páginas; 18,5x25cm;
 
RESUMÃO: Dessa vez o artista plástico escolheu mergulhar no universo das palavras para curar suas dores, tensões e incertezas. Ou o artista é um inadequado compulsivo? Ou o mundo em si é que se alimenta de inadequações? Esses são questionamentos que Mayzon Tayrone não levanta objetivamente no delicado “In Absentia”, livro em formato de diário autobiográfico que busca a cada fôlego estabelecer conexões com as experiências pessoais do autor. Mas o sentido do pertencimento, aceitação ou utilidade não param de ecoar, como se transitassem numa grande caixa de ressonância existencialista. Mayzon Tayrone, que é artista plástico, adiciona pinturas muito expressivas a todos os contos intimistas do livro. Decerto que apreender a memória e os sentimentos, tal qual um processo terapêutico, em alguma medida, seja o que move sua escrita, invariavelmente deixando pistas sobre nossa frágil condição dialética, representada aqui pela perspectiva do autor-narrador-ilustrador. O título “In Absentia”, a propósito, já se impõe como um enigma de visão resistente, uma não-entidade que se descreve a si mesma como uma entidade (um gesto de meta-arte). Também as peças musicais que acompanham as páginas, nessa direção, são dilatações do suporte físico para uma atmosfera que é (trilha sonora) e não é (porque nasce com a obra, indissociável), está e não está (nesse trânsito moderno entre papel e mundo virtual). O que fica é o impacto dos ecos muito mais do que a própria voz. Não apenas um eco, outros tantos (alter egos?). Escutemos, pois, essa cuidadosa sinfonia.